domingo, 10 de setembro de 2017

Santa Paulina, heroína

Santa Paulina, heroína



Paulina, presença terna e sutil,
És alma silente, de personalidade,
Primeira santa do Brasil.
Que pensar de tua amabilidade,
Que ostentas já na quadra infantil?
Amabile,  materna designação,
Bem traduz o teu perfil:
Ser ameno, de amável coração.

















Anchieta, diz Bilac, partilhava
Das entradas mais suaves do sertão.
Os índios buscava  e catequizava,
Paulina, não é menor a tua ação.
Buscas as crianças e os enfermos
Na terra tosca de desbravação,
Que imigrantes têm nos ermos.
As casas isoladas das valadas
Te bendizem a dedicação.

Com a mãe aprendeste a oração,
Da avó deixada no Tirol distante
Recebes apelo e vocação:
Sê caridosa nos demais  quadrantes.
Assim servir pequenos e doentes,
Com pouca ou nenhuma assistência,
Aprendeste no materno ambiente,
Escola de notável excelência
E de teu pai herdaste a coragem,
A transbordante persistência.



















O Redentor e santos têm atenção
De Amabile, silente e reservada
E nesse caminhar de devoção
Cultua-se Maria Imaculada.
Tu, Amabile, e Virgínia, tua amiga
De todas as horas e momentos,
Assistis idosos e crianças
Na saúde, nos cristãos ensinamentos
Juntas praticáveis adoração,
Na capela, ao Santíssimo Sacramento.
E durante vossa comum missão
Jesuítas, eleitos pela Imaculada,
Vão prover-vos devoto crescimento,
Com mais segura e próspera jornada.

Duas pessoas juntas é comunidade,
Um começo, que em seguida tem aumento.
Feliz e duradoura amizade
Que fez fundar de irmãs congregação,
Primeira criada na  brasilidade.
Amabile por sonhos orientada,
A chamará de Imaculada Conceição.

















Como professa da sacra irmandade,
Amabile busca o nome de Paulina,
De Paulo herdando a santa disposição.
E a partir dos morros de Santa Catarina
Vai crescer novel congregação.
No Ipiranga, bairro de São Paulo,
Da independente Proclamação,
Primeira casa faz-se fora de Nova Trento.
De Paulina se retira a direção,
Perde a direção, mas ganha o coração
Do promitente empreendimento.
E sempre em frente vai audaz bandeira,
Em Minas vai plantar os novos tentos
Depois alargando mais fronteiras
Vai a silvícolas aldeamentos,
Em Mato Grosso, em obra missioneira

Paulina, com a grande proteção
Da Imaculada em sonhos contemplada
És exemplo a país e católica nação.
És Paulina ao lado de Amabile
Contemplas os pobres, os escravos relegados,
E carreias ao projeto admirável
Os carentes de doutrina e oração.
Estás sozinha no grande empreendimento?
Não, pois te seguem na frutífera missão
Muitas almas de igual convencimento.
Sorri Jesus na célica Mansão
Sorri a Virgem cheia de contentamento.

















Estes singelos versos alinhavados
Em horas vagas,com certa distração.
Pedem agora que te sejam devotados,
Pois estão reconhecendo em ti,
Em teu trabalho humilde, providente
Onde Fé e Caridade estão latentes,
Discreto, exuberante apostolado.
Paulina, és sinal, és  heroína
Que comove nossa inspiração
Qual facho que os pagos ilumina.
Meus versos  te sejam agradáveis
Não os desprezes. Apesar de frágeis,
Eles brotam de sincera admiração.













EM BUSCA DO PAI

Divertimento dedicado a:
        Gelta e pote de risadas,
        Gisela e finas ironias,
        Norberto e torcida organizada,
        Elita e sua filantropia
        E Arcebispo na estrada
        Esbanjando simpatia.















Por estradas, bosques, rios
Fomos, sob o sol e chuva,
Achar do pai o nascedouro.
Vencemos abismos no arrepio,
Por montanhas e por furnas,
Como em busca de tesouro.

Mas à noite tivemos vinho
Com um pouco de salgadinhos.















Passamos em Tigipió,
Tentando superar a serra,
Carros seguiam na garoa.
Quem passeia em cafundós
Enfrente deslizar de terra
Com alma, com cabeça boa.

Mas à noite tivemos vinho
Com um pouco de salgadinhos.

















Quando passamos por Pinheiral,
Os pinheiros tinham ido,
Ficou o nome e a saudade.
Agora vige o parreiral
E na safra tem surgido
Mais vinho para a humanidade.

Mas à noite tivemos vinho
Do Pinheiral com salgadinhos.

Quando fomos à Barra Negra
Inda garoa castigava,
Lá na gruta nós paramos.
A Virgem junto d’água e penha
Com amor abençoava,
Sua graça suplicamos.

Mas à noite tivemos vinho
Do Pinheiral com salgadinhos.















Em Barra Negra contemplamos
O Chão em que mamãe vivera,
Eucaliptos por alturas.
Vizinhas casas albergamos,
A da mãe desaparecera,
Nos deixando na tristura.

Mais à frente estava escola
Onde letras a mãe aprendera,
Em velha casa colonial.
Esta vila tão pachola
Em progresso não crescera
Mas era bela com pinheiral.

Mas à noite tivemos vinho
Do Pinheiral com salgadinhos.














Agora o tempo melhorara
Estamos em Leoberto Leal
E vimos mundo de fartura.
Panorama se nos depara:
Restos de malha florestal,
Pastos, rica agricultura.

Mas à noite tivemos vinho
Do Pinheiral com salgadinhos.


















Entre tantos contratempos
Encontrados no caminho
Também tivemos compensação.
Pelas grotas e rochedos
Águas em doce burburinho
Alegravam o coração.

Atraíam fotografias
Para as horas mais ingratas,
Comentários provocavam.
Mais capoeira agora havia.
Daí mais águas e cascatas:
Coivaras o povo já largara.

Mas à noite tivemos vinho
Do Pinheiral com  salgadinhos.













Finalmente, Barra Clara
Aparece à nossa frente,
É charmosa a freguesia.
Achamos furna Quebradentes,
Onde o pai nos foi nascente.
Emoção e alegria.

Ribeiro vem descendo ruidoso
Com brancas águas da valada,
Lembrando gentes retirantes.
Nosso gesto bem saudoso
Tem viagem premiada,
Nós voltamos triunfantes.

Pernoitamos nas Irmãs
Por Franciscanas conhecidas,
Um retiro consolador.
Após viagem e seu afã,
Na cozinha finou comida.
Onde o sono reparador?














Mas antes nós tivemos vinho
Que trouxemos do Pinheiral
E o bebemos com salgadinhos.
Eis segredo guardadinho.
Após viagem triunfal,
Do Pinheiral tomamos vinho.