sábado, 19 de agosto de 2017

Banana São Tomé e tié

Meu irmão, meu camarada,
Vamos nós pisando estrada,
Por matas, milharais, ribeiros.
Foi ali que nós infantes,
Com jornadas instigantes
Acabamos companheiros.

Levamos aos trabalhadores,
Após capina e suadores,
A boia de novas energias.
Que tinha a via fadigosa?
Aves  de vozes maviosas,
Matas cheias de magia.

A magia existe ainda?
Sim ,à natureza linda
Que fruímos na estrada.
Esta passa em capoeiras,
Em cultivadas sementeiras,
Respingando nas aguadas.




Eu poderia trazer belezas,
Deste reino da natureza,
Seria um nunca acabar.
Mas vou direto às bananeiras,
Lá num canto de capoeira,
Onde  paro a descansar.

Eu sei, estás na expectativa
Dessa fruta nutritiva,
Meu irmão de aventuras.
Contigo e com demais irmãos
Não fugi à tentação
De frutas doces in natura.

Não estávamos sozinhos,
Havia também os passarinhos
A fruir das bananeiras.
Eram sanhaços, sabiás,
Avifauna que por lá
Saltitava às capoeiras.

Mas num galho ao matagal
Pousava ave especial,
Lindo cantador tié.
Nesse espaço da natura
Vai a bananas já maduras
Que se chamam São Tomé.

Tié daqui, tié de lá,
Cantava como o sabiá
No pomar improvisado.
E sempre pela vida afora
Escutamos a voz canora
Entre águas e silvados.

Ali, passando por bueiro,
Conosco estava bom cargueiro,
Trazendo inhame e cereal.
Mas por cima da cangalha
Amarrado à cordoalha
Ia cacho do bananal.




Entre sangas e bananeiras
Nos brilhava a capoeira
Com tié maravilhoso.
Cavalo, animal  tostado,
E nós moleques assanhados:
Que quadro tosco e primoroso.

Já na volta do caminho
A gente lembrava o passarinho,
De tié por nós chamado.
Pasmem, ele é cantador
Porque na mata é comedor
Desse bananal prendado.

Era o nosso shangri-lá,
De ingás, maracujás:
Alegrias do tié.
Não à toa é trovador
No circundante resplendor
Da banana São Tomé.



Ninguém sabe bem ao certo,
Nesse chaparral deserto
A morada do tié.
Não faz mal. É só ver por perto,
Desfraldando a céu aberto,
Bananal de São Tomé.

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