sábado, 19 de agosto de 2017

Serra do Mulungu II - O encontro da cidade e a serra

Venho aqui, ao pé da serra
Viver e admirar a terra
Onde tive o meu crescer,
Alguma parte da rotina
Que tive à serra esmeraldina
Com seus trabalhos e lazer.

Estou em outra direção,
Da cidade ao sertão,
Do urbano ao rural.
Em fáceis, leves comparações
Uno asfalto com rincões
Em divertido recital.

Refiro-me ao canto anterior,
Em que frisei interior,
Ao subir a serrania.
Agora vejo mais facetas
Para o uso da caneta,
Indo além da nostalgia.

Subindo a serra Mulungu
Onde cantam meus urus,
Trago em mente celebridades.
Da Sé eu trago catedral,
Da paulistana capital,
Rara preciosidade.



Na serra há copas altaneiras,
Sobressaindo às capoeiras,
Navegando no azul.
As copas,como esta igreja,
São um preito à beleza,
Quer em Roma ou Istambul.

O Masp à verde realidade
Trará das artes diversidade,
Pelas obras dos artistas.
Une-se à biodiversidade
Daqui da serra; na verdade
Em longa, infinita lista.


De Monet evoluções,
De Portinari produções
Vêm à Serra Mulungu.
Vítor Meirelles vou lembrar,
A quem quero acrescentar
A Tarsila d’Abaporu.

Artes carreiam à beleza,
Recolhida à natureza,
Um aspecto cintilante.
Mas magnífica riqueza
Cá da serra e devesas
A mais obras é prestante.

Em cenário impressionante
Haja povo exultante,
Feliz com ar da natureza.
São Francisco com as aves,
Mirantes trazendo céu suave
E das matas sutis grandezas.

Ao contemplar as verdes matas,
Suas árvores e cascatas
Lembramos Ibirapuera.
Apesar de rico cabedal
Dispõe de belo arsenal
De espécies natas cá da serra.



















Novos tempos, novos horizontes
Espelham-se aqui nos montes
A minis Ibirapueras.
Pelas praças da cidade
Criarão mais qualidade,
Mais florida primavera.

Pedra, metal, cimento
Não sejam único elemento
Da humana convivência.
Muitos parques perfumantes
Com plantas,  aves musicantes
Encantarão a existência.


















Em meio à verde natureza,
As crianças, com certeza
Se moverão com alegria.
Parques tais multiplicados
As cidades terão mudado
Com amor e poesia.

Oxalá em novas construções
Haja senso e decisões
A praças verdes e com flores.
A serra vai servir cidade
Com larga liberalidade,
Oferta mundo de esplendores

Há de ser um outro clima.
A muitos a serra será mina
De copas, aves e bromélias.
A serra tem outro cabedal,
Tem tesouro vegetal,
Além de rosas e camélias.

Num circuito formidando,
As heras vão se elevando
Até chegar às coberturas.
Mais abaixo a passarada
Embalando a madrugada
Faz sonoras partituras.

A Sinfônica estadual
Com empenho especial
Veio à serra, é sensação.
Osesp respeita o passaredo,
Nos seus pios e arremedos.
Foi lá que teve inspiração.
















Em apartes d’instrumentos,
Vêm fazer acompanhamento
Aves cá da serrania.
E vice-versa, o violino,
Clarineta e cavaquinho
D’aves firmam melodias.

Na capital eu fiz leitura,
Uma ponta de cultura
Pra cantar a serra, o campo.
Li poetas e seus poemas,
Do verso eu vi estratagemas
Pra brilhar com pirilampos.

As Geórgicas de Virgílio,
De Setúbal o estilo
Eu cogitei de imitar.
Da magna serra as formosuras
Mais humanas criaturas
Hoje eu vim apresentar.

Cito apenas alguns poetas,
Pois aqui é minha meta
Apontar inspiradores.
Mas dos nomes apontados
Forjo versos imitados
Perseguindo iguais primores.

Abelhas, gentis trabalhadoras,
Do mel e própolis produtoras
Por Virgílio são cantadas.
Hoje, livres de venenos,
Tenham sítios mais amenos
A safras doces e douradas.

Retornando à roça,
Com varanda e choça,
Setúbal vê passado.
“Eis o milharal,
A mata, o pessoal,
Meu reino encantado.”
  
À Virgem, celestial Senhora,
Peço e suplico agora,
Aqui na serra verdejante.
Mãe, aceita meu jogral,
Sob a cena vesperal
Quando urus te são cantantes.

Para o alto vou olhando,
Para os cimos vou rumando,
Como, na chuva, a cerração.
Lembranças mando pro passado,
Para os sonhos projetados
Para o povo fiz canção.



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