segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Nos montes oliveiras

Fotos: blog.ruadoalecrim.com.br


Nos montes onde bate o vento
Há mais que bosques, mais que pastos.
Há mais na Serra Mantiqueira.
Há mais que folha em movimento
E acenos para os astros,
Há ramadas de oliveira.


Para o fundo das valadas
Jaz o lar dos lavradores,
A capela à oração.
Há riquezas nas ramadas,
Azeitonas são valores
Nesta safra de verão.


Há na serra reminiscências
D’áureos tempos do café
E de bois nas invernadas.
Agora chega outra essência
Que serve a mesa e a fé
E perfuma as madrugadas.



Junto ao cedro e quaresmeira
Outra planta se levanta
Cá na Serra Alterosa.
As ramadas d’oliveira
Pela ventania cantam,
São ao povo generosas.



Lá vêm com bolsas colhedores
A colher d’oliva os frutos
Pendentes de ramada arcada.
Os que colhem são cantores
Na cadência do produto
Que lhes chega nas quebradas.



Mudou paisagem n’Alterosa,
Onde se rojam para os ares
Jatobá e aroeira.
Junto destas são airosas
Com fruteiras e lagares
As ramadas de oliveira.


Perseverante atividade.
Eis patrões e colhedores,
Irmanados na alegria.
Como em jogos da antiguidade
São valentes lutadores
No colher à luz do dia.



Se na Olímpia gloriosa
Poucos tinham a proeza
Das coroas de oliveira.
Aqui à cena trabalhosa
Todos têm igual grandeza



No lagar da Mantiqueira.

Foto: Hélvio Romero/Estadão

Nenhum comentário:

Postar um comentário