Sei que mundo que vivi
Nesta
pastagem, à beira-rio
Não existe,
teve seu tempo.
Quer dizer,
existe sim
De outro modo
ou versão
Com que ora
o contemplo.
Árvores
remanescentes
Nos acolhem
sorridentes
Acenando
para o azul.
Têm alegria
em nos ver,
Oferecem a
arte da copa,
A beleza a
embevecer.
Eis aqui tangerineira,
Seus frutos
nos deliciam
Quando
inverno nos judia.
Galhos com
suas espinheiras
Não nos
fazem desanimar,
As frutas
são pra desfrutar.
Posso estar
a alguma leitura,
A algum trabalho
penoso.
Não importa,
a tangerineira
Tem os
frutos de gostosura
E no
temporal da chuva
É amiga
verdadeira.
Tão basta,
tão densa é sua copa
Que as vacas
e suas crias
Ali se
acolhem e refugiam.
Praticamos a
mesma moda,
Quando
chove. Aí nos vemos,
Esperando
que tempo estia.
Se ficasse
só na tangerina
Eu seria
muito ingrato
Com as outras
na pastagem,
Como o
coqueiro com coquinhos
Ao gosto bom
da molecagem,
Eta cacho
madurinho.
Mas a fome
não é só essa,
Há tantas
outras promessas
Nas galhadas
ganhando o ar.
Mostram-nos
também beleza
Há quem diga
esbelteza,
É forma para
bem louvar.
Ouvido tem
as suas maravilhas
Com o canto
do passaredo.
Eis o bem-te-vi
que ledo
Chama os
outros pra notícias:
“Eu vejo o
sol que alumia,
Eu canto o
sol que dá alegria”.
Posso estar
amargurado
Com assuntos
a resolver,
Contas,
casos a remoer.
Mas nesse
passo sou alertado
Por este céu
e verde prado,
Eu só tenho
a agradecer.
Podes-me
interpelar:
Em que mundo
estás a cantar.
Existe mesmo,
nele estás presente?
É apenas
filme em minha mente.
Plantas, ou
idosas morreram
Ou ceifou-as
mão inclemente.
Dádivas
fez-me a natureza
Desde
albores de meus anos,
Desde aurora
da minha vida
Todos têm o
seu ipê,
O seu pé de
gabiroba
Ou bromélias
pelos ramos.
Ocorre que amados
primores
Que tivemos
nos verdes anos
Já sumiram
da existência.
Mas inspiram
trovadores,
Que por
verso iluminado
Compensam a
dor e a ausência.
Eu andarilho
na pastagem,
Respiro o
verde da paisagem.
Mas quem lhe
dá mais charme
É rio com
suas corredeiras.
Com seu
canto, me permitam,
Eu termino a
brincadeira.
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