terça-feira, 18 de agosto de 2020

Não preciso inventar

Não preciso inventar

É só tirar

Do balaio

Imagens a dançar.

 

Movimentos, passagens

Tive-os demais

No rincão selvagem

Entre milharais.

 

Transborda o balaio

De imagens a dançar.

Colho-as pela estrada

Livre, descuidadamente

Sem medo de dispersar.

 

Ouvidos atentos.

Grilos e animaizinhos

Não conseguem burlar

O silêncio dos caminhos.

 

Eis que atordoado

Pela gripe esticada

Passeio pelos ermos.

Água na fonte?

Haja meio de a colhermos.

 

Curvas são morros.

No fundo o arroio.

Capoeiras e canas

Foi-se a seara

No lombo dos comboios.

 

Canas de milho

Pelo chão, nas passagens.

Pontas de arvoredo

Sacudindo na aragem.

 

Não sei inventar

O que faço

É inventariar.

Do fundo do balaio

Tiro imagens

Agora...

Agora é só cantar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário