Me sinto um pouco surpreendido
Com as
broncas de Bandeira
Ante a
reformada Recife.
Haviam
desaparecido
De sua cena
costumeira
Praças, ruas
da meninice.
“Revi ontem
meu Recife.
Está de fato
completamente mudado.
Tem
avenidas, arranha-céus.
É hoje uma bonita cidade”
E o poeta descontente:
“Quem pôs
bonita a minha terra?”
Louvado
nessa reação
Ponho-me a
reclamar
De destruído
ambiente.
Para fim d’iluminação
Pede-se fiação
passar
Num sítio
nosso conveniente.
Ao pai pediram
anuência
Pra passar
em nossas terras
Com os fios
d’alta tensão.
Assim, em
rápida diligência
Viria luz às
casas da serra,
Essa foi
argumentação.
Não estive
pessoalmente
Em casa
nessa ocasião.
Quando
soube, já passara a luz.
Negociação
esteve ausente
A qualquer indenização:
Ato gratuito
se produz.
Mas não
gratuita foi passagem,
Árvores
foram derrubadas,
Raios podiam
atrair.
Meus
pinheiros na aragem,
Em toda esta
empreitada,
Logo foram
ao chão cair.
Pinheiros
seriam até poupados,
Se serviço
de fiação
Deles se
afastasse mais.
Mas não
tiveram tal cuidado
Para minha decepção,
Lá se foram
meus pinhais.
Nós outros
de boa vontade
Fornecemos gratuitamente
Terreno,
mata e capoeira.
Bela
generosidade.
Cadê os pinheiros
resplendentes,
Cadê as aves
cantadeiras?
Caso meu não
é isolado
Na
brasileira sociedade,
Eu constato
tristemente.
Institutos
do estado,
Poderosas
entidades
Maltratam o meio
ambiente.
As grandes,
nobres seringueiras,
Antiga renda nacional,
Cedem à
soja, e às pastagens.
Na Amazônia,
a mil maneiras,
No fogo à mata
tropical,
Se mata a grã
diversidade.
Critico não só
as grandes obras
No seu
desejo de enricar
À custa da
mãe natureza.
Broncas
igualmente sobram
Aos que
paineiras vão matar
Por queda
das folhas. Que crueza.
Muitos
outrora ao chão catavam
Nos seus
quintais e seus pomares
O fruto
chamado Cambuci.
Hoje só
Paranapiacaba,
O embala nos
seus ares
Para o gosto
dos guris.
Num anelo
derradeiro,
Busco só
consolação
Para meus
restantes dias.
Quero de
volta meus pinheiros,
Quero d’aves
a canção
Com seu
trino e melodias.
Devemos não
só recriminar
Ambiente
depredado.
Também zelar
pela Criação.
Pinheiros
vamos contemplar
Com canários
lá pousados,
Crianças a
colher pinhão.
Bem pode ter
acontecido
De perderdes
vida afora,
Bosques,
plantas de muita estima.
Não fiqueis
entristecidos:
Meus
pinheiros têm aurora,
Canto-chão nas
verdes cimas. .
No entanto,
é bom pensar
Em restaurarmos
natureza,
Cultivando a
plantação.
Teus
pinheiros vão voltar.
Terás matinas
de beleza,
E a gralha, o
seu pinhão.
Meus
pinheiros não mais existem.
Vou chorar?
Gritar pelos campos?
Do meu choro
eu fiz canção.
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